Uma área verde de 11,4 milhões de metros
quadrados localizada às margens do lago do Aleixo e igarapé
Castanheira, na Zona Leste, está sendo totalmente desmatada pela empresa
Concrecicle Comércio de Materiais Reciclados para construção.
Os
moradores do bairro do Puraquequara e Colônia Antônio Aleixo, na
Comunidade Bela Vista, estão assustados com os efeitos que o
desmatamento pode trazer para o meio ambiente.
De
acordo com o fotógrafo Walter Calheiros, a área pertencia ao empresário
João Farias que a vendeu para a empresa de reciclagem. Durante o
feriadão de Corpus Christis, a empresa começou a desmatar a área. “Eles
disseram que nem em dia comum a polícia ambiental apareceria ali, quanto
mais no feriadão. Eles querem pagar R$ 5 mil às famílias que moram lá
para sairem”, disse.
Walter disse que
mesmo com os avisos de que o desmatamento está atingindo a APA, a
empresa não recuou e continua acelerando os trabalhos. “Conhecemos
aquela área como uma APA regulamentada por lei então não pode ser
desmatada”,disse Walter Calheiros.
Na
tarde desta terça (12), A CRÍTICA esteve no local e verificou que a
área está totalmente destruída e desmatada. Uma escavadeira estava sendo
utilizada para realizar a terraplanagem do solo, que está em avançado
processo de desmatamento. A devastação da floresta, naquela área, está
chegando às margens do lago do Aleixo, ação que pode provocar, entre
outras coisas o assoreamento do lago, prejudicar o pescado, além de
expulsar espécies animais.
O pescador
Aldemir Rodrigues Serrão está preocupado com a situação. “O que nós
tememos é que eles desmatem essa área toda e joguem o barro no lago,
matando os peixes. Essa área é ambientalmente importante. Era um verde
muito bonito, mas agora está tudo destruído”, lamentou.
Aldemir
disse que os comunitários obtiveram a informação de que a área é
protegida. “Eles disseram que ninguém que está aqui tem direito de
desmatar essa área, de fazer costrução, nada nessa área. E, agora vem
essa empresa e acaba com tudo num instante. Nossa presidente acabou de
assinar uma lei e no mesmo dia eles começaram a desmatar aqui”, disse,
Aldemir.
O pescador, que vê a
destruição bem em frente a sua casa-barco, disse que as autoridades
deveriam tomar providências. “É uma aberração que essa área toda seja
acabada. O cara chega, mete a máquina, não quer saber se vai prejudicar
ninguém. Estamos pedindo socorro das autoridades para que não deixe que
essa mata seja acabada”, disse o pescador.
A
reportagem tentou contato com a empresa Concrecicle Comércio de
Materiais Reciclados para construção por meio do telefone 3615-38XX, mas
não obteve resposta.
Segunda denúncia de agressão
Em fevereiro deste ano, o lago do Puraquequara e o igarapé do Castanheira – exatamente na mesma região da área verde desmatada agora – foram alvo de discussões, quando foi atestado um processo de contaminação das águas por coliformes fecais, substâncias de materiais industriais e material em decomposição.
Em fevereiro deste ano, o lago do Puraquequara e o igarapé do Castanheira – exatamente na mesma região da área verde desmatada agora – foram alvo de discussões, quando foi atestado um processo de contaminação das águas por coliformes fecais, substâncias de materiais industriais e material em decomposição.
A fonte de toda poluição é o esgoto da Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), que deságua diretamente no lago.
A
Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmas) informa que expediu uma
Licença Municipal de Instalação (LMI) em nome da Concrecicle Comércio de
Materiais Reciclados , mas não autorizou a intervenção em Área de
Preservação Permanente (APP). Adverte que se houve destruição desta área
e contribuição para o assoreamento do lago, provavelmente a empresa
licenciada não obteve o controle efetivo do recurso ambiental. Segundo a
Semmas, é obrigação do licenciado realizar o controle da atividade. Em
breve uma equipe de técnicos emitirá um laudo das constatações.
Sobre
o esgoto da UPP, a Semmas informa que quem deve prestar
esclarecimentos é o órgão estadual responsável pela construção e pelo
licenciamento ambiental da Penitenciaria do Puraquequara e que a UPP não
foi licenciada pelo órgão do município.
Fonte:http://acritica.uol.com.br
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